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Victor Rizzo

Água - as florestas e o ciclo hídrico

As florestas desempenham um importante papel na manutenção do ciclo hídrico, que continuamente realimenta a superfície de terra com chuvas e, assim, garante a vida sobre a terra.


Durante uma chuva (precipitação), parte da água que cai sobre as florestas, cerca de 5% a 20%, é interceptada pelas folhas, ficando acumulada na copa das árvores. Essa água interceptada na copa das árvores retorna rapidamente para a atmosfera, através da evaporação, realimentando as nuvens.




Outra parte da chuva, caindo diretamente sobre o chão da floresta ou escoando pelas cascas da árvore, infiltra-se no solo e aí irá alimentar não somente as árvores, mas também os rios e lagoas.


Parte da água que a árvore consegue absorver pelas suas raízes para seus processos internos, retorna à atmosfera através do fenômeno de transpiração das folhas, a evapotranspiração. Na floresta tropical, esta evapotranspiração é responsável por devolver à atmosfera, cerca de 30% a 70% da água da chuva, contribuindo assim para a regulação do clima, redução dos extremos de temperatura e a formação de nuvens. Uma árvore de porte médio, pode lançar na atmosfera cerca de 300 litros de água por dia. Nesta proporção, 1 hectare de mata é capaz de lançar 200 mil litros/ dia de água na atmosfera, que irão realimentas as nuvens e o ciclo hídrico.


Uma outra parcela da água fica retida nas raízes e troncos da árvore. As arvores são compostas por aproximadamente 70% de água.


O chão da floresta é composto por uma grande quantidade de galhos e folhas parcialmente decompostos, a serapilheira. Essa serapilheira, tem capacidade de fazer com que a água que chega ao solo se infiltre rapidamente, evitando o escorrimento superficial e a erosão. Além disso, ela tem uma enorme capacidade de armazenamento de água, agindo assim como uma grande esponja, no chão da floresta.


Logo abaixo dessa serapilheira existe uma rica camada de matéria orgânica decomposta, o húmus, muito porosa, que por sua vez tem uma grande capacidade de absorção de água. Essa camada de húmus tem a capacidade de reter cerca de 100% do seu peso em água e é fundamental para a manutenção da fertilidade do solo, em função da grande quantidade de nutrientes disponíveis.


Juntos, a serapilheira, a camada de húmus e um rico sistema de raízes, formam uma extensa esponja, que se espalha por todo o chão da floresta, absorvendo o excesso de água no momento da chuva e liberando progressivamente, ajudando sua infiltração no solo e a recarga do lençol freático.


Essa água infiltrada lentamente, ajuda na regularização do regime e a alimentação de cursos d’água como rios e lagoas, evitando as enchentes, e liberando posteriormente gradualmente a água, ao longo de semanas, garantindo assim o abastecimento contínuo dos rios, evitandos também as secas.


Se não existisse a floresta com a sua densa serapilheira, camada de húmus, boa parte da água que caísse sobre o solo escorreria pela sua superfície, sem se infiltrar, aumentando assim o potencial da chuva de gerar erosão e, em consequência dessa, o assoreamento dos rios (acúmulo de terra no leito dos rios).


A floresta amortece também o impacto da chuva sobre o solo, que do contrário, poderia compactar o solo, diminuindo assim a infiltração e aumentando o escorrimento superficial e consequente erosão. Comparada com outros tipos de cobertura, como plantações de milho, cana-de-açúcar e feijão, a floresta pode reduzir a erosão em cerca de 99%.


Ao passar pela floresta, a água da chuva recebe uma rica carga de matéria orgânica, essencial para a alimentação da fauna nos rios e lagoas. Essa matéria orgânica, pode chegar até os mares, nos estuários dos rios, onde é responsável também pela manutenção da fauna marinha. Os estuários são locais de extraordinária biodiversidade.


Desta forma, ao eliminarmos as florestas, estamos interrompendo o ciclo hídrico natural, através do qual boa parte da água que cai sobre a floresta retorna a atmosfera e ajuda a formar novas nuvens.


Agindo como regulador da vazão em rios e lagoas, as florestas auxiliam também a prevenir os extremos de enchentes e secas, fundamentais para a segurança e bem-estar dos humanos. Assim, o desmatamento acaba sendo responsável por ciclos repetidos de enchentes e secas, sinais de desequilíbrios provocados pelo homem.


Além disso, a remoção da floresta, implica assim, não somente na erosão dos solos, assoreamento dos rios, mas também na perda de matéria orgânica da água e, consequentemente, na perda da fauna de rios, lagoas e estuários, com grandes impactos sobre a biodiversidade.


Florestas são “plantações de água” que abastecem os rios, que são vitais para agricultura e a vida nas cidades e as grandes provedoras da biodiversidade!





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