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Image by Ian Froome

como a crise climática nos afeta?

A crise climática provocada pelo aquecimento atmosférico é responsável por diversas alterações ambientais, como por exemplo o degelo de geleiras e calotas polares, aumento do nível dos mares, acidificação dos oceanos e consequente morte de recifes de corais, alteração das correntes marinhas, redução de biodiversidade, alterações da flora, incêndios florestais, furacões, bem como extremos climáticos, como secas e enchentes ou invernos mais frios e verões mais quentes.

O problema é que esta crise climática desencadeia outras crises colaterais, com efeitos sobre os humanos, como escassez de água, perda de colheitas, insegurança alimentar, fome, migrações, enchente e deslizamentos de encostas, inundação de cidades costeiras e, potencialmente, instabilidades sociais e guerras, além de inúmeros prejuízos econômicos.  

Os impactos das alterações climáticas sobre a vida do homem, a economia mundial, o meio ambiente e a biodiversidade são enormes e, em função da sua urgência, fala-se hoje de uma crise climática.

Vamos entender agora com um pouco mais de detalhes, quais são os efeitos da crise climática sobre o meio ambiente e sobre a humanidade. 

O quadro abaixo apresenta os efeitos das alterações climáticas e seus impactos para a humanidade.

impactos das alteracoes climaticas sobre

De forma resumida, podemos relacionar os impactos das alterações climáticas sobre a humanidade e em grandes grupos:

  • Aumento do nível do mar

  • Redução da produção de alimentos (agricultura e pecuária)

  • Escassez de água (recursos hídricos)

  • Prejuízos econômicos por eventos climáticos extremos

  • Migrações

  • Conflitos sociais e guerras

  • Impactos sobre a saúde humana 

Vamos agora entender um pouco melhor as relações entre algumas dessas alterações climáticas e  de seus impactos sobre a humanidade.

 

 

Aumento do nível do mar

Desde 1880, quando os dados de nível do mar passaram a ser medidos, o nível do mar já aumentou cerca de 230 mm (23 cm).

Segundo dados de satélites altimétricos da NASA, a taxa atual de aumento do nível do mar é de 3,3 mm/ano, conforme gráfico abaixo, na Figura 1

NASA_-_aumento_nível_do_mar_-_1993_-_201

Figura 1: Aumento do nível do mar, a partir de 1993, observações realizadas por satélite altimétrico da NASA.

Fonte: https://climate.nasa.gov/vital-signs/sea-level/

Data de acesso: 23/10/2019

O aumento do nível do mar ocorre através de mecanismos distintos:

  • expansão térmica da água do mar devido ao aumento da temperatura,

  • degelo das calotas polares (Antártida e Groênlândia)

  • degelo de geleiras nas montanhas (Andes, Alpes, Himalaia, Alasca, etc.)

O aumento do nível dos mares provocados por expansão térmica da água, um fenômeno simples e bem conhecido. Todos os corpos, quando aquecidos, se dilatam. No caso da água (a partir de 4°C) não é diferente. O aumento da temperatura gera maior agitação das moléculas e consequente aumento do volume. Se pegarmos o exemplo de uma caixa d’agua com as dimensões de 10m x 10m x 10 m (largura x comprimento x altura), para cada 1°C (após os 4ºC) de aquecimento da água, teremos um aumento do nível da água na caixa d’água de 1,3 mm. Assim, com um aquecimento de 2°C já teremos um aumento de 2,6 mm no nível da água, etc. Importante notar que esse crescimento é proporcional ao volume, sendo tanto maior, quanto o volume de água aquecido. Imagine agora o volume de água do mar?

O mesmo fenômeno de dilatação térmica ocorre nos termômetros de mercúrio e álcool, nos quais o aumento da temperatura gera um aumento do volume do líquido, que ocasiona a subida da coluna do termômetro. A diferença é que o mercúrio e o álcool possuem um coeficiente de dilatação térmica muito maior do que a água.

 

O degelo das calotas polares e de geleiras em montanhas tem ocorrido de forma acelerada nos últimos anos, a partir de 1993. O volume de gelo armazenado sobre a Antártica representa cerca de 70% da água doce do mundo. A calota de gelo sobre a Groenlândia, possui uma espessura de 3 km. As geleiras em montanhas, cerca de 200.000 em todo o mundo, espalhadas em todos os continentes, mesmo que contendo uma massa menor de gelo, também contribuem de forma expressiva para o aumento do nível do mar. Os degelo de geleiras é muito bem documentado em várias partes do globo, como pode ser visto nesta foto de satélite da NASA, Figura 2, na geleira de Okjökull, na Islandia, entre os anos de 1986 e 2019. Neste período a geleira diminuiu de 35 km2 para 1km2.

NASA_-_degelo_geleira_Okjökull__Islandia

Figura 2: degelo da geleira de Okjökull, na Islandia, entre os anos de 1986 e 2019.

Fonte: https://climate.nasa.gov/images-of-change?id=699#699-icelands-ok-glacier-melts-away

Data de acesso: 23/10/2019

 

O conjunto de gráficos abaixo, Figura 2, foi obtido na base de dados online, mantida pelo PSMSL (Permanent Service for Mean Sea Level), um instituto de pesquisa inglês que, desde 1933, é responsável pela coleta, publicação, análise e interpretação dos dados do nível do mar de uma rede global de medidores de maré.

A observação dos gráficos, permite verificar um aumento sistemático e consistente do nível do mar em diversas estações de medição distribuídas pelo mundo.

PSMSL_-Aumento_Nível_Mar.jpg

Figura 2: Medição do nível do mar em diversas estações de medição do nível do mar (mareógrafos) distribuídos pelo mundo - adaptado

Em vermelho tracejado, as linhas de tendências dos gráficos anuais

Fonte: https://www.psmsl.org/data/obtaining/map.html

O outro gráfico abaixo, Figura 3, elaborado com dados de 1950 a 2015 da NOOA (National Oceanic and Atmospheric Administration), dos Estados Unidos, de 14 estações de medição de nível do mar (mareógrafos) em diferentes estados americanos apresenta a quantidade de dias com inundações costeiras, provocadas pela alta mar. O gráfico permite ver que, a partir de 1990, houve um aumento expressivo de dias com nível do mar acima do normal, em praticamente todas as estações monitoradas.

NOOA_inundações_costeiras.jpg

Figura 3: Quantidades de dias com inundações costeiras, provocadas pela alta do mar, entre 1950 a 2015, em 14 estações de medição nos EUA.

Fonte: https://science2017.globalchange.gov/chapter/12/

Data de acesso: 22/10/2019

Consequências do aumento do nível do mar para a humanidade

40% da população do mundo vive em regiões e cidades a menos de 60km da costa.

O aumento do nível dos mares, e consequente inundação de regiões litorâneas, traz inúmeras consequências para a humanidade, tais como, aumento da erosão costeira, aumento da frequência e magnitude de inundações costeiras, perdas de terrenos urbanos e de construções, perdas de patrimônio diversas, migração de grandes contingentes de populações e consequente conflitos sociais, comprometimento dos sistemas de saneamento básico, perdas de infraestrutura de transportes terrestres e portuárias,  perdas de solos agrícolas, perdas relacionadas à indústria e ao turismo, bem como impactos sobre a biodiversidade e recursos pesqueiros.

O aumento do nível dos mares pode ser particularmente crítico para a nações formadas por ilhas, que tendem a desaparecer, gerando impacto não somente sobre suas populações, mas sobre sua cultura.

Globalmente, centenas de milhões de pessoas serão potencialmente afetadas com o aumento do nível do mar, principalmente na segunda metade deste século, que tende a forçar migrações em massa de populações costeiras, com grandes impactos sociais, econômicos e culturais.

Prejuízos econômicos causados por eventos climáticos extremos 

As alterações climáticas tem aumentado a frequência e a quantidade de eventos climáticos extremos. Dados da empresa Munich Re, na Figura 4, obtidos na base de dados online NatCatService apontam para um aumento significativo do número de eventos naturais relevantes no mundo, entre o período de 1980 a 2018. Foram estuados eventos geofisicos, (terremotos, tsunamis e atividade vulcânica), em vermelho, meteorológicos (ciclones e tempestades) em verde, hídricos (enchentes e deslizamentos) em azul e climatólogicos (temperaturas extremas, secas, incêndios florestais) em laranja.

 

A simples análise destes dados permite observar que, excluindo os eventos geofísicos, que não estão diretamente relacionados com a atividade humana, no período de 38 anos houve um aumento de 359% de eventos climáticos extremos (cerca de 9,4% ao ano), causando prejuízos, tanto em vidas humanas, como econômicos e ambientais. Chama a atenção a aceleração do aumento destes eventos, a partir de 2008, indicando uma tendência de aumento mais acentuado do que nas décadas anteriores.  

 

A continuidade do agravamento de crise climática, tende naturalmente a agravar também os prejuízos humanos e econômicos causados por essa. 

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Figura 4: Aumento de eventos climáticos extremos no mundo entre 1980 e 2018 (Muniche Re) - adaptado

Fonte: https://natcatservice.munichre.com/

Data acesso: 20/10/2019

Outro estudo, na Figura 5, desta vez da NOOA (National Oceanic and Atmospheric Administration), apresenta os eventos climáticos extremos nos Estados Unidos, com prejuízos acima de 1 bilhão de dólares, entre os anos de 1980 a 2018. Este estudo mostra que o número e o custo dos desastres estão aumentando ao longo do tempo, devido a uma combinação de maior exposição, vulnerabilidade e ao fato de que as mudanças climáticas estão aumentando a frequência de alguns tipos de extremos que levam a desastres de bilhões de dólares.

No gráfico abaixo é possível ver em barras a quantidade de desastres com prejuízos superiores a 1 bilhão de dólares, categorizados por cor. No eixo à esquerda, a quantidade de desastres e, no eixo à direita, o valor em bilhões de dólares.

Importante notar as duas linhas do gráfico, que mostram, em cinza, os valores de custo anual com desastres acima de bilhões de dólares e, em preto, os custos médios dos últimos 5 anos. Estas duas linhas mostram não só que os custos anuais estão aumentando, mas também que o custo médio dos últimos cinco anos tem uma expressiva tendência de aumento.

O gráfico permite também ver que as tempestades severas (barras verdes) e inundações internas (barras azuis) estão contribuindo cada vez mais para o aumento do número de desastres de bilhões de dólares dos EUA.  

NOOA - prejuizos financeiros crise clima

Figura 5 – Evolução dos desastres acima de 1 bilhão de dólares, nos Estado Unidos, entre 1980 e 2018

Fonte: https://www.climate.gov/news-features/blogs/beyond-data/2018s-billion-dollar-disasters-context

Data de acesso: 20/10/2019

Os diversos gráficos de prejuízos econômicos causados por eventos climáticos apontam para um aumento significativo do problema, entre os anos de 2005 e 2009. Neste período, e nos anos subsequentes, o crescimento passou a ser mais acentuado, o que traz uma preocupação maior com relação ao nosso futuro. 

Aumento de anomalias climáticas 

O vídeo abaixo, mostra as anomalias climáticas em 192 países e foi produzido por Antti Lipponen, pesquisador do Instituto Meteorológico da Finlândia, a partir de dados fornecido pela NASA. O gráfico reúne dados de anomalias climáticas entre 1880 e 2017, mostrando o aumento das temperaturas ocorrido nas últimas décadas e todos os países, agrupados por continentes. Note como as anomalias climáticas relacionados a elevação de temperatura (vermelho) aumentam expressivamente nos últimos anos, em todo o mundo. Estas anomalias climáticas se traduzem em impactos sobre a agricultura, segurança alimentar, saúde humana e são responsáveis por novos eventos climáticos extremos, como secas e enchentes. 

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